Das montanhas de Alto Jequitibá, na região do Caparaó, para os Estados Unidos. A primeira exportação do Coffee Gripp aconteceu este ano. A cafeicultora Paula Gripp conta que o frio na barriga deu lugar à alegria de ver o produto colhido, torrado, moído e embalado em família ganhando mundo. “Foi uma pequena remessa de 10 quilos, mas com um grande significado”, afirma, empolgada.
O caminho para a exportação foi facilitado pela participação da produtora no projeto Agro.Br, da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com a Apex-Brasil e o Sistema Faemg Senar. O programa incentiva e auxilia no processo de exportação com consultorias, suporte e planejamento. “É preciso perder o medo e começar. A exportação é para todos”, afirma o consultor do projeto em Minas Gerais, Paulo Március.
“A preparação do Agro.Br nos dá segurança. Exportar é mais uma maneira de posicionar a marca e ganhar mercado. Agrega valor ao nosso produto”, comenta a cafeicultora, que conheceu o programa por meio da gerente da Mulher, do Jovem e de Inovação do Sistema Faemg Senar, Silvana Novais.
“Nosso objetivo é proporcionar o desenvolvimento das produtoras e produtores. Nos eventos apresentamos possibilidades como o Agro.Br. Esse é um excelente resultado que mostra que conseguimos impactar a vida dela e das pessoas ao redor”, destaca Silvana. Fruto da mudança
O Coffee Gripp existe desde 2018, quando a família retornou ao campo depois de seis anos morando no interior de São Paulo. Paula era cabeleireira e admite que trocar o salão pelas lavouras foi um desafio. “Confesso que voltei contrariada, mas hoje sei que essa foi a minha melhor escolha”.
Focada em produzir cafés de qualidade, Paula fez diversos cursos do Sistema Faemg Senar oferecidos pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Alto Jequitibá e, a cada treinamento, ela se encantou mais pelo mundo do café. “O apoio do Senar Minas é fundamental. Todos os cursos dão uma base muito boa para seguir na atividade”.
A família toda se envolve no negócio rural e todos se capacitaram com cursos do Senar Minas. O produtor Tobias Gripp, marido de Paula, cuida da produção e pós-colheita; Tobias Filho, de 19 anos, é o responsável pela torrefação.
“Ano passado rodamos mais de 8 mil quilômetros participando de feiras e eventos na região, em Belo Horizonte, e em Santos (SP) e Vitória (ES)”, conta a produtora. Ela e a filha Anna Luiza também trabalham na cafeteria da família, que fica dentro da propriedade e foi inaugurada em 2019.
Café e turismo
Para Paula, a cafeteria é uma oportunidade de popularizar o consumo do café especial e aproveitar o potencial turístico do sítio para receber visitantes. A ideia deu certo e se consolidou, mesmo com a pandemia. “Por estar em um ambiente rural, muitas pessoas nos procuraram. Os ciclistas que fazem trilhas por aqui são um grande público da cafeteria”, explica.
Novas possibilidades
Em 2021, Paula formou-se Agente de Turismo Rural e ampliou ainda mais a visão para empreender no setor. “O curso foi um marco porque mudou o meu olhar para tudo aqui e abraçou o que a gente já estava fazendo”.
Além da cafeteria, a família construiu o chalé “Amor à primeira vista”. “Estamos em frente ao Pico da Bandeira e quem se hospeda tem essa vista linda bem na janela”, contou, entusiasmada. A construção da hospedagem foi feita pelo marido de Paula, Tobias Gripp. E a família já se prepara para construir mais uma e seguir investindo no turismo.
Quem visita a propriedade pode conhecer as etapas de produção do café da lavoura à xícara, fazer trilhas, provar delícias da culinária mineira e apreciar as belezas naturais do Caparaó. “O que é comum para nós é algo extraordinário para quem está na cidade. Precisamos reconhecer e mostrar esse valor”.
Orgulho e exemplo
O agente de desenvolvimento rural do Sindicato dos Produtores Rurais de Alto Jequitibá, Jorge Rodrigo Farias ressalta que a família Gripp é exemplo de dedicação e grande parceira da entidade. “É um orgulho tê-los dentro do Sindicato e saber que estamos contribuindo para o crescimento deles”.
Jorge lembrou ainda que a família faz parte do programa de Assistência Técnica e Gerência - ATeG Café+Forte e esse acompanhamento também tem colaborado para o sucesso dos negócios. “Eles estão colocando em prática o aprendizado dos treinamentos e do ATeG e tendo resultados excedentes que elevam a nossa entidade, e melhoram o nosso município. Estamos crescendo juntos”, finalizou.