A reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), de Guaçuí, serviu para debater orientações sobre como evitar danos socioambientais com uma possível invasão do javali na região. O animal é uma espécie exótica no Brasil, nativa da Europa, Ásia e norte da África, que vem trazendo vários impactos sócio ambientais, com sua presença, em quase todas as regiões do país, com altas densidades nas florestas tropicais da Mata Atlântica.
Embora ainda não haja registro oficial da ocorrência do javali no território do estado do Espírito Santo, há registros no estado de Minas Gerais, em municípios vizinhos. Isso indica que há a possibilidade da espécie expandir sua área de ocorrência até o território capixaba na região do Caparaó.
A oficina de trabalho foi ministrada pelo analista ambiental do Ibama, o biólogo Jacques Passamani, acompanhado pelo analista ambiental Gustavo Almada e a técnica ambiental Thaina Freitas Gonçalves. Foram apresentadas informações técnicas e orientações para evitar danos, nos ambientes naturais e nas atividades agropecuárias, provocados pelo javali. Também foram apresentados requisitos legais e critérios técnicos para o respectivo manejo (monitoramento e controle).
Métodos de controle do javali
O objetivo é capacitar os atores sociais do poder público local para que atuem como multiplicadores do conteúdo apresentado durante o evento. Foram apresentados métodos de controle do javali, com experimentos em vários continentes, apontando, em cada um, seus benefícios e taxa de eficácia.
Ao final, houve um consenso de que é muito importante haver a vigilância e, em caso de relato de ocorrência, deve ser confirmado por algum órgão público, com atuação no município, devendo ser gerado relatório da suposta invasão. Depois, deve ser feito contato imediato com o Ibama, se constatada o fato, para serem iniciadas as medidas de controle.
Entre as 100 “piores” espécies exóticas invasoras
Dentre os problemas ambientais associados à invasão do javali, foi pontuado que o animal está na lista das 100 “piores” espécies exóticas invasoras do mundo, porque causam erosão e assoreamento de rios – o que traz danos ambientais e pode trazer piora na qualidade da água, o que prejudica o sistema produtivo agrícola e a vida do homem do campo. Também provocam alteração na diversidade, crescimento, regeneração e taxa de sobrevivência de espécies de plantas, com a alteração na cobertura vegetal.
O animal é predador de outros vertebrados e invertebrados, causando uma competição com animais nativos na cadeia alimentar, além de destruir habitats e ninhos. Assim como é transmissor de doenças que, inclusive, podem afetar a suinocultura. Ou seja, sua presença pode trazer danos diretos ao sistema agrícola, incluindo as culturas de ciclo curto e anuais, como o milho e feijão, por exemplo. Além de danos diretos a criações, inclusive, animais domésticos.
Participaram da reunião, membros da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Agricultura, Incaper, Associação Comercial, Industrial e Serviços de Guaçuí (Acisg), Associação de Catadores de Materiais Recicláveis, conselheiros da Loja Maçônica Alcy Ribeiro da Costa, Rotary Clube e da Defesa Civil.