Ao todo, foram descobertas cinco novas espécies no estado do Espírito Santo, sendo quatro endêmicas, ou seja, encontradas exclusivamente na região.
Segundo informações do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), as espécies pertencem à família Melastomataceae, sendo que quatro delas são endêmicas do Espírito Santo, ou seja, encontradas exclusivamente na região. Contudo, três delas já são descritas como criticamente em perigo de extinção.
A descoberta
A descoberta recente foi feita pela equipe e colaboradores do herbário do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, gerido pelo INMA, e foi descrita em dois artigos, um publicado em março na revista Rodriguésia, e outro publicado em novembro de 2021 na revista Nordic Journal of Botany.
Apesar da descoberta de que se tratavam de espécies novas ter acontecido somente agora, a coleta de algumas dessas plantas ocorreu na década de 1980, conforme explicou em entrevista à Casa e Jardim o pesquisador Renato Goldenberg, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), um dos autores dos artigos.
“As plantas são coletadas aleatoriamente por diversos pesquisadores. Após a coleta, elas são colocadas no herbário e podem ficar lá por anos, até que alguém resolva pegar aquela plantinha e estudá-la, observar a qual gênero pertence, por exemplo. Nesta etapa, muitas vezes, percebe-se que aquela planta nunca foi descrita”, explica.
O professor explica que para nomear as plantas o pesquisador pode homenagear uma pessoa, um local, ou uma característica muito marcante. Porém, é preciso seguir algumas regras, como estar sempre em latim e conter o nome da espécie, gênero e complemento.
No caso das plantas descobertas no Espírito Santo, três são do gênero Microlicia: Microlicia caparaoensis, endêmica do Parque Nacional do Caparaó; Microlicia capixaba e Microlicia misteriosa.
“Uma característica da Microlicia capixaba, por exemplo, é que são plantas muito importantes para a manutenção de populações de abelhas, pois são frequentemente visitadas por abelhas nativas”, relata o professor.
As outras duas espécies são de Miconias endêmicas do Espírito Santo: Miconia quartzicola, coletada no município de Vargem Alta; e Miconia spiritusanctensis, coletada no Parque Estadual do Forno Grande, em Castelo. Ambas, segundo o INMA, são consideradas ameaçadas, descritas como “criticamente em perigo” e “em perigo”, respectivamente, conforme os critérios de risco de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza (sigla em inglês, IUCN).
Sobre as Miconias, o professor destaca o fato da quartizicola ter frutos carnosos, que costumam ser importantes para a alimentação de aves.