O Parque Nacional do Caparaó, em parceria com a Prefeitura de Alto Caparaó, realizou no último final de semana, dias 10,11 e 12 de dezembro, o curso de manejo de trilhas, com instrução para potenciais de uso sustentável em unidades de conservação. O intuito foi capacitar os participantes para a construção e uso consciente de trilhas, visando atrair cada vez mais visitantes e oferecer experiência de qualidade no contato com a natureza. Foram abordados conteúdos sobre a observação de pássaros e de primatas, além de conteúdos sobre espécies de plantas que são encontradas somente na área do Parque.
De acordo com chefe do Parque Nacional do Caparaó, Fábio Luis Vellozo de Mello, ainda há trilhas muito antigas e bastante degradadas no Parna. Quando foram feitas, não tiveram orientações técnicas ou escolhidos os melhores trajetos. “Com esse curso podemos buscar os melhores traçados, com menores possibilidades de focos de erosão, além de oferecer mais segurança e conforto para os visitantes, fazendo com que o turista goste da caminhada e volte a visitar o Parque”, disse Fábio.
Na sexta, 10, foram ministrados conteúdos teóricos sobre a utilização das trilhas, bem como conteúdos sobre preservação ambiental, utilização consciente e manutenção da fauna e flora. Klaus Pettersen, especialista em treinamento esportivo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre em Ciências do Esporte, Food Science, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), abordou o tema Trilhas e Esporte - Ativo Ambiental, Social e Econômico. Tatiana Pongiluppi, bióloga, ornitóloga, mestre em biodiversidade em Unidades de Conservação, apresentou conteúdo sobre as aves encontradas na Serra do Caparaó.
Mariane Kaiser, doutora em conservação da vida silvestre e coordenadora do Projeto Muriquis do Caparaó, ministrou palestra sobre observação de primatas em unidades de conservação. Segundo Mariane, o curso foi uma excelente iniciativa do Parque, pois poderá oferecer mais opções turísticas para os visitantes. “Um condutor ou guia do Parque, que fez o curso, por exemplo, poderá repassar para aos turistas importantes informações sobre os primatas encontrados aqui. Poderá informa, por exemplo, o local com maior possibilidade de visualização de exemplares e os cuidados a serem tomados para a preservação das espécies.” Ainda segundo Mariane, o Parque tem pelo menos cinco tipos diferentes de primatas, todos eles endêmicos da mata atlântica, ou seja, primatas que não são encontrados em outro bioma do País ou em outro local do planeta.
Ainda na abertura do curso, Fábio Quick Lourenço de Lima, engenheiro agrônomo Universidade Federal de Viçosa (UFV) e analista ambiental do Parque Nacional do Caparaó – ICMBio, falou sobre as técnicas e importância no manejo de trilhas em unidades de conversação. O curso contou também com a participação de Lucio de Souza Leoni, estudioso da botânica, curador-pesquisador do Herbário "Guido Pabst" GFJP. Em 27 anos de trabalho desenvolvidos no Parque, Leoni conseguiu coletar materiais e publicar 23 espécies endêmicas. “A proposta de ampliar as ações de um curso de manejo de trilhas, agregando outros profissionais ligados ao meio ambiente é de grande ajuda, pois irá despertar o interesse da comunidade não só de Alto Caparaó, como também de cidades vizinhas”.
Já no sábado, 11, e domingo, 12, foram ministradas aulas práticas. Nesses dois dias, os alunos construíram uma trilha de acesso a parte superior da Cachoeira Bonita. Esse trajeto, em breve, estará disponível para visitação. A proposta do Parque é dar continuidade ao curso de manejo de trilhas, bem como a criação de outras opções, atendendo às demandas do Parna.