O ano de 2021 já é ano de bienalidade negativa. O cafeeiro deve produzir 20% a menos em relação ao ano anterior que teve safra cheia. A seca duradoura em 2020 atrapalhou a florada e o posterior enchimento dos grãos. Estes fatores podem ajudar o preço da saca a se manter acima dos R$ 600.
Segundo especialistas, não é só a diminuição da safra que pode impactar na boa remuneração da saca. Outros fatores como a pandemia, a valorização ou desvalorização do dólar e a melhoria da qualidade da lavoura também influenciam na hora do preço ser dado pelo mercado.
Mas pela lógica da economia, uma diminuição de oferta sem mudança no mercado levaria os preços a subirem.
“Em relação a preços, existe uma tendência do café se valorizar porque existe a expectativa de uma safra em 2021 bastante baixa, com quedas significativas. Mas ainda é muito difícil afirmar alguma coisa”, disse Archimedes Coli Neto, presidente do Centro de Comércio de Café do Estado de Minas Gerais.
Para o especialista em marketing e mercado de café, Paulo Henrique Leme, que também é professor na Ufla, a produção e o consumo de café têm andado muito justos nos últimos anos. “Isso influência para que o preço de café continue sendo remunerador para o produtor”, afirmou.
Pandemia e dólar
Como a pandemia do novo coronavírus ainda não acabou e tem provocado fechamentos no comércio da Europa, Archimedes explica que ações desse tipo ainda podem influenciar a demanda externa de café.
“Esse impacto do Covid em 2020 e 2021 ainda deve influenciar um pouquinho na demanda, nos estoques. Mas se voltar o consumo fora de casa, a agente pode ter um déficit grande na balança do produto”, aposta.
Outro fator que influenciou o bom preço das commodities em geral foi o aumento do dólar. Segundo Archimedes, esse quadro pode mudar caso o real fique mais valorizado frente à moeda norte-americana.
“Caso tenha mais dólares no mercado, com a vitória do Biden, por exemplo, pode ocorrer uma valorização do real frente a uma desvalorização do dólar. Isso pode levar a um ajuste no valor das commodities”, contou.
Safra 2021
Para Paulo Henrique, a quebra de safra deve variar entre 25 e 40%. Mas tudo vai depender do enchimento dos grãos durante as chuvas de janeiro.
“De forma geral, o que estamos esperando para 2021 é uma boa queda de safra. A seca no ano passado atrapalhou muito a florada. Também vamos ter uma La Niña esse ano que vai atrapalhar muito com chuvas abaixo da média”, observou o professor.
Archimedes também afirma que a quebra de safra será grande. “A expectativa no mercado é que a quebra do café arábica seja significativa pela grande produção de 2020. E ainda tivemos uma seca que atrapalhou bastante a floração. E entre as lavouras que floraram houve muito abortamento. As chuvas realmente atrasaram bastante e isso prejudicou ainda mais a produção de 2021”, avaliou.
Paulo Henrique destacou outro fator que pode interferir na produção: Os investimentos. “Muitos produtores aproveitaram o momento e fizeram investimentos em lavoura e maquinário. A expectativa, portanto, é de aumento na qualidade global do café, aumento na produtividade. O produtor que conseguiu aproveitar esse momento de preço para se capitalizar e fazer investimentos na lavoura, deve colher os frutos nos próximos três a quatro anos já”, acredita.
Chuvas
Os especialistas garantem que o essencial ainda para 2021 será o enchimento dos grãos ainda no início do ano. “Por isso, é preciso que as chuvas sejam abundantes em janeiro e fevereiro. Somente a partir disso, a safra 2021 poderá ser pensada de fato”, disse Paulo.
E ainda sobre a safra de 2021, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que no dia 21 de janeiro é que será divulgado o primeiro levantamento sobre a safra de café 2021.
Fonte: G1 Sul de Minas