O reggae tem esse ritmo que já clama para proteção a mãe natureza, a Banda Alldeia formada há 12 anos, vem invocando ainda mais esses problemas ambientais, principalmente a reflexão para os municípios da região do Caparaó, na divisa dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais. A Área é uma das mais preservadas da região Sudeste, aos pés do Parque Nacional do Caparaó, matas fazem corredores ecológicos e cachoeiras jorram cristalinas, mas nem tudo é poesia, ainda existem problemas graves de impactos ambientais nos rios, saneamento básico e desmatamento. É justamente para plantar a conscientização que a música vem entoando pelos quatro cantos, como em uma “aldeia” que um deve cuidar do outro e juntos, das próximas gerações.
O vocalista da banda Thiago Soares conta que a música precisa ir além do entretenimento. “Precisa divertir, provocar emoções e também conscientizar. Aprendi muito com o reggae. Muitas lições de respeito à natureza, aos povos que vivem da terra, a diversidade cultural e várias outras coisas. Em 2008, convidei alguns amigos para fazer parte da Alldeia e prontamente toparam. De lá pra cá, participamos de muitos eventos incluindo Feiras do Verde de algumas cidades e outros eventos, voltados para área ambiental”, destaca Thiago.
Foi só colocar um olhar mais atendo para encontrar a inspiração do som, até porque o grupo vive no município de Alegre, mas não deixa de vivenciar todo o Sul do Espírito Santo. A riqueza da região do Caparaó e biodiversidade precisava de proteção, mas também de divulgação turística, as letras orientam para essa apreciação levando em conta a educação ambiental. E são muitas as músicas que falam do tema, entre elas, “Meu Sangue é Verde” que levanta a discussão sobre a degradação.
“Essa é uma música que conscientizou tanto os membros da banda que no início não tinha tanta consciência ambiental assim, quanto os fãs que refletiram muito sobre a letra e acabaram mudando várias atitudes no dia a dia relacionado ao respeito à mãe natureza. Inclusive, essa música foi utilizada em vários projetos ambientais em diversas escolas”, afirma o vocalista.
Realmente não dá pra negar que a música tem esse poder transformador, aquela semente que regada sempre dá ótimos frutos. “O Caparaó é uma grande escola na qual aprendi muitas coisas sobre bioconstrução, economia solidária, agroflorestal e consciência coletiva. Toda escola precisa de alunos e nossa missão é levar alunos para essa escola e conscientiza-los, mas acredito que ainda faltam “professores” para recebe-los. É necessário mais ações, porque quem vai de encontro com a natureza está receptivo a conexão com a terra e é a melhor hora de ensinar. O turista não pode ser enxergado como a pessoa que vai poluir e degradar, mas sim como um aluno e um futuro professor, que vai multiplicar todo amor pela natureza. Amor que recebeu quando acolhido pelos guardiões do Serra do Caparaó”, destaca Thiago.
A região do Caparaó pode ser referência quando se fala em educação ambiental, mas sempre tem gente que ainda frequenta o lugar e consegue sujar trilhas, ou mesmo, não dá valor ao patrimônio. Thiago fala sobre educação que funciona bem pelo exemplo, a banda segue nesse estilo para contar mais histórias da região.
“Acredito que os mais jovens aprendem muito sobre isso na escola, mas como diria o filósofo Rosseau, “o ser humano nasce bom, a sociedade o corrompe” eles acabam não praticando, porque quando saem com os pais ou outras pessoas, presenciam práticas muito diferentes do que as que aprenderam na escola. E tudo que se vê na prática é aprendido de forma muito mais natural do que o que se aprende na teoria. Os jovens são a solução para nossos desafios ambientais e os adultos, são o fator de risco que atuam de forma decisiva na formação deles”, finaliza Thiago.