E o que aconteceu?
O carro deu uma travada no volante, deu uma derrapada e parou quase que na outra mão, virado ao contrário. Foi o último recurso dela. Ela falou: “Ou eu tirava a chave ou ia morrer”.
Ela disse o que pensava?
Ela só pensava nos dois filhos, de 20 e 8 anos. Ele (Jonas) ficou mais nervoso quando ela tirou a chave da ignição e o carro rodou. Nesse momento, ele se transformou em um monstro. Ele gritava: “Vai lá fora agora pegar a chave”.
A ordem foi atendida?
Ela respondeu: “Tudo bem, eu vou e a gente vai voltar para casa. Para com isso”. Aí, na hora que ela foi sair do carro, tomou o primeiro chute nas costelas. Ela saiu do carro cambaleando e o celular dela caiu no chão. Coincidentemente, foi na hora que o irmão, o Cleiton, começou a ligar, ligar, ligar.
E ela contou que, na hora que foi pegar o telefone para atender, ele (Jonas) veio por trás, tirou o telefone dela e foi com o pé nas costas dela. Ela estava de quatro no chão e ele deu mais uma pezada nas costas dela. Ali, ele começou a chutá-la e falava: “Acha a chave do carro, acha a chave do carro, sua cachorra”. Ele a xingava muito. Enquanto ela estava submissa, procurando a chave no chão, ele ia olhando o telefone dela, fotos, mensagens, procurando algo. Ao mesmo tempo, ele ia dando chutes no rosto, ombro, peito, bunda, barriga, em várias partes do corpo dela.
Ela chorava, gritava?
Sim. Ela relata que chorava, gritava, passou mal e teve falta de ar de tantos chutes. Ela implorava ainda: “Pelo amor de Deus, por que você está fazendo isso? Para de me agredir”. Nesse momento, ele disse: “Então, é isso que eu vou fazer. Eu não vou te agredir mais. Eu vou parar de bater, de te agredir, mas vou te matar”. Ela lembra ainda que ele a chutava e a arrastou por vários metros, a puxando pelos cabelos, braços e pernas. Teve uma hora que ele pressionou o rosto dela contra o calçamento. Desesperada, ela dizia: “Não faz isso, por favor. Eu tenho filho pequeno”. Ela diz que, a partir desse momento, não lembra mais de nada. Só acordou no hospital.
Foi usado algo para espancá-la?
Pelas lesões, ele bateu com algum instrumento contundente que a gente não sabe ainda qual é, algum pedaço de madeira ou de ferro.
Ela não tentou correr?
Eu perguntei a ela porque ela não fugiu, e ela respondeu: “Doutor, a cada passada dele, são três minhas. Eu ia correr como?”. Além dela ser muito menor, ela já estava em desvantagem, porque tinha tomado muitos chutes. Não teve força.
E o estupro, aconteceu?
Eu não perguntei do estupro e ela não falou nada. Agora, se ele a estuprou depois de desfalecida, só a perícia vai dizer.
Como ela estava fisicamente ao descrever tudo isso?
O olho dela ainda está muito desfigurado, inchado. Eu não quis entrar muito em detalhes, porque o psicológico dela está horrível. Mas, ela foi muito direta em tudo que declarou. Ela me aparenta ser uma mulher muito forte, guerreira. Eu falei que ela nasceu de novo, que Deus deu uma nova chance para ela viver. Disse ainda que, além do anjo da guarda que ela tem, ela ganhou outros dois de presente, que são seus dois irmãos, que a encontraram.